sábado, 12 de janeiro de 2013

O Encanto do Caipora




Na época da pré-adolescência, eu costumava passar as férias na casa dos meus avós, junto com o meu irmão, que já morava com eles, no interior de Sergipe.

Férias na casa dos avós,  eita coisa boa, era uma farra. Num sítio próximo, morava um casal de irmãos, da nossa faixa etária, Cecinha e Messias, então, juntávamos os quatro e fazíamos a festa.

Uma das coisas que gostávamos de fazer era construir uma cabana e cozinhar a nossa própria comida e para isso, íamos à mata buscar madeira para a construção da casinha e lenha para ascender o fogo. Sempre fugíamos escondido da minha avó porque ela não queria que meu irmão me levasse ao mato, pois era uma região de cobras venenosas e os perigos para quem não tem familiaridade, com a mata, são muitos.

Nessas ocasiões, fazíamos um fardo com comidinhas, frutas, água. Meu irmão e o outro garoto levavam fumo de corda e cigarros de palha, claro que “furtados” dos nossos avós ou dos pais dos vizinhos.

Certa feita, tivemos uma experiência inusitada, colocamos nossos pertences por dentro das folhas de um arbusto e entramos na mata que, para nós, alheios aos perigos, era uma maravilha com uma biodiversidade incrível, variedade de cores e frutos.

Lembro que eu e Cecinha fomos colher ingá (fruto da região) e os meninos foram cortar a madeira. Ouvíamos os cantos dos pássaros e outros sons típicos do mato, escutávamos as vozes dos meninos, logo ali, na nossa frente. Perdemos a noção do tempo, distraíamos com uma planta exótica, um sapo diferente e outras curiosidades da mata. Então, o meu irmão e seu amigo começam a nos chamar e nós respondíamos, suas vozes  vinham de um lugar perto, mas não conseguíamos nos encontrar, andávamos, andávamos e não saíamos do lugar.  Estava escurecendo e começávamos a ficar desesperados, eu já estava chorando, ouvia, também, o choro dos meninos, quando Messias disse que era o Caipora que estava nos encantando, então Cecinha teve a ideia de dizer em voz alta: “a gente tem fumo e cigarros de palha, pode levar, deixe a gente ir embora seu Caipora”.

Como num passe de mágica,  encontramos os meninos que estavam a menos de quatro metros de distância de onde estávamos e vimos o caminho da saída.

Para o nosso espanto, quando chegamos ao arbusto, no qual havíamos guardado nossos pertences, tudo estava lá: comida, cordas, água, menos os cigarros e o fumo de corda. Ouvimos o assobio agudo do Caipora que estava feliz com o presente recebido. Imagine o nosso medo, debandamos na correria até em casa. Não precisa dizer da corsa que levamos da vó, mesmo explicando que fomos encantados pelo Caipora.

Você talvez não acredite, mas assim aconteceu...



Nota: Se você ou alguém que conheça teve uma experiência parecida, envie para nós, que a publicaremos, pode criar nomes fictícios para preservar a identidade das pessoas envolvidas.

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