terça-feira, 15 de janeiro de 2013

As Filhas da Terra


Na adolescência comecei a ter vislumbres de minhas vidas passadas em sonhos. Chegavam como flashes, cenas muitas vezes dramáticas e chocantes, e através delas eu podia compreender desafios da vida presente. Há alguns anos os sonhos deram passagens a visões, histórias mais completas, que se desenrolam em minha tela mental numa sucessão de quadros. Às vezes passam-se anos e então novos quadros iluminam antigas passagens já conhecidas em novas perspectivas. Assim as histórias vão se completando, embora eu não tenha controle de quando ou o quê me será mostrado.

Não há como comprovar que estas visões dizem respeito à vidas passadas, ou se acessam histórias do inconsciente coletivo. De toda forma isto não importa, apenas posso dizer que elas me fazem compreender melhor minha vida presente e meus relacionamentos. Através delas encontro mais compaixão por mim mesma, pelos outros, e compreendo que o perdão é a única forma possível de lidar com os dramas do passado e do presente, sem enlouquecer.

Recentemente estas visões me levaram a um tempo ainda mais longínquo, a uma história ainda mais estranha e fantástica, que até então eu via com certa incredulidade. Ela não é nova, a Fraternidade Branca já fala dela há muito tempo, ela está presente nos livros de Drunvalo Melquizedeck,  "O Segredo da Flor da Vida I e II"; está também presente no livro a "A História de Urântia", compêndio de 1.800 páginas das quais li somente uma pequena parte por enquanto. Outras religiões, estudos esotéricos e livros também relatam sobre uma idade de ouro da humanidade terrena, uma raça perfeita, que foi corrompida pela chegada de seres demoníacos, que atraídos pela luz desta nova raça aqui vieram e por estranhas artimanhas destituíram a nova humanidade de grande parte de seu DNA original.

É sobre esta história que vou contar agora, esta é a história das filhas da terra, que também ouso chamar de Evas, num tempo que aconteceu há centenas de milhares de anos...

Eu estava quase dormindo, naquele momento de transe entre a consciência e o inconsciente, e mergulhei em uma imagem estranha, vi-me uma mulher jovem e bela, nua, e um demônio lambia-me com a ponta de sua língua de morcego, com desejo e cuidado. Ele era umas dez vezes o meu tamanho, de tez morena e facies que lembravam um morcego.

A macabra visão me fez acordar imediatamente, e me perguntei se aquilo realmente teria acontecido em um outro tempo. Para espantar da mente a cena horrível eu comecei a recitar os nomes sagrados de Deus. Naquela madrugada eu acordei, e por algumas horas não mais foi possível conciliar o sono, cenas de um tempo longínquo se sucederam me contando uma incrível história.

Houve um tempo, que não sei precisar, que um belo anjo de Deus se revoltou, e desejou criar um mundo à parte da Deus, um mundo onde fosse possível viver de fato o livre arbítrio com todas as escolhas entre o bem e o mal. Este anjo carregou consigo uma legião de outros seres para construir seu próprio mundo, longe da luz de Deus. Este mundo só seria possível num sonho, onde todas as criaturas se esquecessem de sua origem divina para viver a dualidade em algum período finito no tempo.

A eternidade é de Deus, a luz é de Deus, e no amor de Deus todo o universo está coeso e em harmonia. Mas Deus concedeu o poder da criação a todas as suas criaturas, e lhes deu o livre arbítrio para agir, e portanto não interveio na vontade deste filho seu, desgarrado de seu seio, num plano ousado e diabólico.

As escrituras chamaram de Lúcifer a este belo anjo, e ele e sua legião de seguidores percorreram o universo em busca de um novo mundo em que pudessem colocar em prática sua perfídia. Nesta época a terra começava a ser povoada com as primeiras raças humanas, muitas ainda animalizadas, mas uma em especial florescia. Esta raça veio como uma raça perfeita, que embora primitiva, trazia todo o potencial divino, e deveria prevalecer entre as demais, por ser portadora de uma genética mais avançada, dotada de inteligência e dons especiais. Foi a a este tempo que os antigos chamaram de idade de ouro da humanidade.

Quando Lúcifer e os seus chegaram aqui encontraram a oportunidade perfeita para colocarem em prática seu plano. A incipiente humanidade era por demais inocente e seria presa fácil para eles. Eles então tomaram o tamanho e uma bela forma de homens, e assim atraíram as mulheres, naturalmente curiosas, para suas emboscadas.

Eles haviam preparado uma grande área cercada por uma alta paliçada, e foi para lá que levaram suas prisioneiras. Estas mulheres foram abusadas e seviciadas de todas as formas, e somente quando grávidas foram deixadas partir. Esta foi a primeira sucursal do inferno implantada neste planeta, e não sei dizer se esta prática durou alguns anos, ou se foram centenas ou milhares de anos. Todos os homens que tentaram salvá-las foram cruelmente mortos, e assim tudo mudou sobre a terra.

Algumas mulheres jamais escaparam de tal lugar, outras voltaram enlouquecidas, mataram seus filhos e a si mesmas. Outras simplesmente voltaram para suas tribos e seus homens, que as receberam bem, pois sentiam muito suas ausências. Porém já não eram as mesmas, alteradas e transtornadas, trouxeram o medo, a dor, a leviandade, os vícios e toda espécie de erro. Elas haviam deixado de se amar, e já não podiam amar...

As mulheres deram a luz a crianças mais frágeis, de organismos mais débeis, propensas a doenças, e com apenas parte de seu DNA original. Seus genes corrompidos prevaleceram sobre a terra, deu-se inicio ao reino das sombras, e o planeta cobriu-se com os véus da ilusão. Assim teve sucesso o projeto luciferiano, de criação de um mundo dual, distante de Deus no qual se fez presente o ego, encarregado da sobrevivência, expert das defesas.

Cheias de culpa e vergonha estas mulheres passaram a carregar em si as dores do feminino por todas as suas vidas, algumas escolherem para sempre se tornarem inférteis, outras escolheram viver na iniquidade, outras desejaram para si a feiura, outras esconderam seu rosto e seu corpo, outras negaram para sempre o prazer, outras sistematicamente desprezaram seus filhos... Muitas feridas, muitas mulheres feridas, e assim a terra foi povoada com as dores do feminino.

Em sua aflição estas mulheres contaminaram a humanidade que nascia.



Seria tudo isso verossímil? Seria esta história a origem da queda do paraíso? Esta é a origem do mal na terra? Não me cabe aqui julgar. Talvez sejam símbolos, talvez possibilidades neste mundo de sonho. Mas eu me reconheci como uma destas mulheres, filha de terra, uma das Evas a carregar o pesado fardo da culpa e do medo, e trago em mim as feridas do feminino. Mais uma vez, esta história mesmo que fantástica, traz sentido a minha existência, explica minhas buscas e o desejo por minha cura. Não estou curando a mim, estou trazendo amor e perdão a todo o feminino neste mundo.

Foi assim, depois de ver e compreender tudo isso, que retornei para abençoar todas aquelas mulheres. Nossa luz nunca foi roubada, é verdade que de alguma forma deixamos de amar a nós e a todos no mundo, nos deixamos ferir e ferimos ao mundo, mas tudo isso ainda faz parte do sonho, e levanto os véus que encobrem a verdade, para deixar o amor vingar no mundo. Clamo pelo perdão, clamo pela luz, chamo a todos para a verdade que somos, ainda somos as filhas bem amadas de Deus e da terra, e podemos trazer o amor e o perdão para corrigir todos os erros neste mundo de ilusões.

E então dirigi-me aos demônios para lembrá-los que também eles são filhos da luz, e que está na hora de desfazer todo erro e todas as ilusões e retornar à luz que somos. E intercedi a Micael por eles, como já aprendi a fazer há alguns anos, e assim centenas deles tomaram sua bela forma original e partiram rumo ao Pai.

Faltava dirigir-me àquele demônio de minha primeira visão, e embora eu muito tenha insistido, ele partiu distante da luz. Mas dele não me esquecerei e voltarei a pedir pela paz e amor em seu coração.

Nossa humanidade, cansada da dor e da luta, cansada dos erros e dos desencontros entre homens e mulheres, precisa reencontrar o caminho para casa, um caminho de paz, pois o Pai zeloso e amoroso traçou um para nós. Uma jornada de volta, corrigindo todas as ilusões, através do amor e do perdão.

Se você é mulher talvez se identifique com esta história e de alguma forma ela não lhe parece estranha, e se você é um homem, talvez tenha ao seu lado uma mulher profundamente ferida em algum aspecto de seu feminino. Esta história pertence a todos nós, a toda raça humana, e se desejar a divulgue para seus círculos de relacionamento.

Nesta semana o mundo se indignou com a morte da jovem indiana, violentada por seis homens em um ônibus, e jogada para fora do veículo em movimento. Este episódio é a recriação do feminino ferido, cena que não mais queremos ver, que desejamos que cabe para sempre. Podemos juntos recriar a história da humanidade, todos os horrores que vivemos no passado e no presente não representam a realidade, mas um sonho ruim que terá seu fim no perdão e na verdade de que somos todos os filhos bem amados de Deus e da terra, e que nosso destino é a felicidade e a plenitude.

Ana Liliam
Texto As Filhas da Terra compartilhado por Ana Liliam  do blog  Ana Ventura.

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